quarta-feira, 27 de abril de 2016

Feira Livre - Cultura e Arte

Em meio ao mundo tão tecnológico e automatizado que vivemos, esses espaços de sociabilidade se fortalecem e nos trazem de volta às relações mais humanas e mais pessoais. 
Nas feiras, local onde se ampliam as redes de relações sociais, locais de trabalho intenso e pouca ou nenhuma tecnologia, desenvolvem-se as mais diversas relações cooperativas.

Nela, além da compra de produtos, você consegue imergir no cotidiano das pessoas, trocar receitas, dicas, conhecer novos produtos, novas formas de preparo. A relação direta que se estabelece com quem produz e comercializa os produtos é extremamente enriquecedora.

Alguns têm na feira uma profissão fixa, outros a têm como bico e há ainda aqueles que começam a vender nas feiras por algum imprevisto (por exemplo, desemprego) e vão ficando, ficando... 
Alguns sobrevivem da venda de produtos, outros guardam o carro, carregam as compras, reciclam os materiais descartados, recolhem as sobras. Nessa reunião de necessidades se desenvolvem parcerias e muita diversão.

Ponto de encontro certo entre fregueses e feirantes.

Sempre gostei desse contato com as pessoas, com os alimentos e faz parte da minha infância a lembrança do meu pai e seu tradicional caldo de cana com pastel e suas longas conversas com os feirantes. 
A feira sempre foi um local de compras e conversas, onde a economia local e a “gente” local se desenvolve, se conhece. Eles oferecem um atendimento personalizado e cuidadoso que alguns supermercados tentam copiar como forma de fidelizar seus clientes.

Nas cidades menores esse cenário está mais presente no cotidiano das pessoas apesar de existirem nas grandes cidades centenas de feiras, muitas agroecológicas e orgânicas.
Quando as feiras livres se desenvolvem com bases agroecológicas, carregam ainda mais o desejo de melhor se alimentar e contribuir para o desenvolvimento daqueles que nos fornecem tantas opções.

Espaço público de trocas, aprendizagem, saberes, cultura, alimentos frescos, opções variadas, vida!

Em nossa viagem à Unaí – MG, não poderíamos
 deixar de visitar a feira local que
acontece todos os sábados e conhecer parte 
dos alimentos e seus modos de preparo.


Guariroba - Palmito de sabor amargo bastante consumido na região.

Trouxemos ele quase limpo pra facilitar no momento do preparo. Dessa forma, dura cerca de 8 dias e segundo uma freguesa que estava na barraca, deve ser descascado sobre água corrente pra não escurecer e cozido por cerca de 30  minutos na pressão com pouca água pra não estragar. Quando perguntei se as fervuras consecutivas retiravam o amargor, ela pulou dizendo: Tirar, tira mas aí perde a graça.

Queijos dos mais diversos. 
Frescos, tranças, curados, defumados...


Muitas compotas, doces de todos os tipos. 
Doce de leite em barra, cremoso, uma loucura.

Encontramos pequi (fruto do Cerrado) congelado, em conserva, em forma de óleo, além de conservas de bambu, muitos legumes e vegetais.


Melaço (ou melado), rapadura


Carne de porco conservada na própria gordura, além de pastel e caldo de cana, claro!

Curiosidade: a mistura de carnes é bastante comum nos recheios. Encontramos alguns salgados recheados com frango e linguiça, por exemplo.
Aliás, linguiça e pimenta são outras especialidades locais. 
E a lista não pára...



Referências:
Processos cotidianos de organização do trabalho na feira livre
A importância das feiras livres ecológicas: um espaço de trocas e saberes da economia local.

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